quinta-feira, março 26, 2009

Postura da Igreja Católica:insanidade, crueldade ou princípios cristãos?

Esta é a foto de uma Mulher segurando preservativos com a imagem do papa Bento XVI e a frase "eu disse não!", em Paris (França - 25/3/2009). Os produtos foram confeccionados para criticar a postura do Pontífice de rejeitar o uso da camisinha para combater a aids em declarações dadas durante sua recente viagem ao continente africano.
Ando a pensar como a igreja católica insiste em se manter fiel a seus dogmas e se posicionar na contramão do que pensam, agem e sentem os seus "fiéis".
Aqui, no Brasil, teve grande repercussão o caso de uma menina de nove anos de idade que foi estuprada pelo padrasto. Por aqui, a Interrupção da gravidez em casos de estupro e risco de vida para a mãe é legalizada. A justiça brasileira, agiu corretamente e fez com que o direito dessa criança fosse garantido, a gravidez foi interrompida.
O que a Igreja católica fez?
Por meio de um de seus representantes num ato desumano e numa tentativa de rechaçar a prática do aborto excomungou a criança estuprada, a sua mãe o médico.
Questionado pela imprensa se o estuprador também merecia excomunhão, o bispo declarou que Não, pois o "estupro é um pecado menor que o interrupimento de uma gravidez"
O que pode levar uma instituição religiosa a desejar obrigar uma menina de nove anos, com risco de sua própria vida, a manter uma gravidez fruto de uma inominável violência?
Rígidos princípios religiosos, insanidade ou crueldade?
Sob o argumento da "defesa da vida", essas pessoas não se importaram em nenhum momento nem com a violência já sofrida pela criança, nem com a possibilidade que havia de a menina perder a própria vida. Se essa menina- detentora de existência real e concreta, com uma história de vida já em curso, relações pessoais, afetos, sentimentos e pensamentos, enfim -, se essa menina não merece ter sua vida protegida, trata-se de defender a vida de quem?
A igreja católica defende a vida ou os seus dogmas?
Existe o princípio da proporcionalidade, o que vale mais? Uma vida em potencial ou uma vida já em curso?
Uma vida em potencial é um conceito, uma abstração, não se concretizou ainda.
Quem tem o direito de condenar à morte uma pessoa em nome de se defender uma possibilidade de vida que ainda não se concretizou e não tem existência própria e autônoma?
Acredito que a postura da Igreja Católica se configurou como pura crueldade e intransigência ao defender seus princípios abstratos e seus valores absolutos que, quando confrontados com a realidade cotidiana, esvaziam-se de sentido e, principalmente, da compaixão cristã.
Nem vou aqui comentar a postura contra o uso de preservativos em tempos de AIDS.
Quanta hipocrisia!
Dessa maneira a igreja só tem perdido os seus ditos fiéis que são cada vez menores.

Felizmente, a menina pernambucana pôde, graças ao respeito a um direito democraticamente conquistado, diminuir os danos das inúmeras violências que sofreu e a gravidez foi interrompida.
Viva o Estado Laico!